26 de jul. de 2017

O apanhador no campo de centeio



Nome Original: The Catcher in The Rye
Autor: J. D. Salinger
Páginas: 180
Editora: Editora do Autor
Nota: 💗💗💗💗💗/5 + lista de favorito da vida

O apanhador no campo de centeio é conhecido por ter “inspirado” alguns assassinos que causaram episódios trágicos na vida de pessoas famosas como John Lennon. Mark David Chapman carregava uma cópia do apanhador no campo de centeio no dia em que atirou em John Lennon e afirmou, depois, que se identificava com o personagem principal do livro: Holden Caulfield, um adolescente crítico que odeia falsidade.

Talvez esse não seja o melhor jeito de se começar uma resenha, ainda mais sobre um livro que gostei bastante, mas não sabia muito bem como começar, sabe. Por toda essa questão descrita anteriormente e por indicação de uma amiga (valeu Micaela, seu livro foi sensacional), decidi ler The Catcher in The Rye. Confesso que já tinha uma vontade, porque tem uma música do Guns n’ Roses chamada Catcher in The Rye que, segundo alguns, foi claramente inspirada nesse livro.

Música do Guns n' Roses inspirada em The Catcher in the Rye

O apanhador no campo de centeio é um livro simples, de verdade. Ele vai nos contar um final de semana, apenas três dias da vida de Holden, mas a grande sacada – e que torna o livro algo incrível e interessante – é o fato de que o próprio Holden conta a sua história. O livro é contado pelo personagem principal e isso faz com que a gente acompanhe os pensamentos dele, as questões, os momentos e chama atenção como, a todo momento, o Holden conversa com a gente. Acho que o grande lance é o psicológico do livro, tipo quando a gente lê Dostoievski e tem toda aquela carga psicológica/emocional dos livros dele, sabe.

Talvez não chame atenção saber como é um final de semana de um adolescente rico e nova-iorquino que acabou de ser expulso novamente de um colégio e decidi voltar para casa – saindo da Pensilvânia em direção a Nova York – antes que seus pais descubram. Tudo isso acontecendo poucos dias antes do natal. MAS LARISSA, EU NÃO VI NADA DEMAIS NISSO.
 E, ao meu ver, não tem mesmo, mas é justamente o fato do Holden contar a história pra gente, conversar com o leitor e ser tão crítico sobre tudo que acontece ao redor dele que faz essa história única e tão complexa.

Holden é rebelde, revoltado e odeia falsidade. Se você ler o livro um tanto distraído, vai achar que ele é só mais um rebelde, um louco ou um chato, mas o Holden é muito mais que isso. Eu li o Holden como uma grande metáfora, sabe. Esse livro foi escrito nos anos 50, num momento bem incomum da vida dos Estados Unidos, Hollywod bombando, crescimento exorbitante da sociedade de consumo e capitalismo ainda em alta. E o Holden, ao meu ver critica muito tudo isso e odeia Hollywood e seus filmes. ODEIA MESMO. As únicas pessoas que o Holden gosta são as crianças. A Phoebe, sua irmã mais nova, parece ser a única pessoa que ele realmente ama de verdade e acho que isso diz muito sobre o nosso personagem um tanto quanto problemático.

O Holden choca pelo modo como ele fala, pensa e se expressa, mas apesar de tudo isso ele é um personagem que pensa demais, pensa muito, mas não age tanto e isso as vezes pode causar um certo desgosto ou raiva do tipo “mas você só fala e não faz muito”. Mas essa é a personalidade do Holden. Ele é um mentiroso de mão cheia e a gente percebe muito bem isso no livro, ele mente muito e ele mesmo diz isso em uma parte da história.

O nome do livro faz todo sentido quando a gente entende a forma como o Holden entendia o poema de Robert Burns chamado “Coming thro the Rye”. Eu poderia explicar melhor, mas isso seria um spoiler e eu não quero fazer isso. Eu só queria dizer que essa parte é sensacional e fez todo sentido na minha cabeça o que o Holden achava, como a forma que ele compreendeu o poema/canção revela essa visão e o porquê dele gostar tanto de crianças e amar tanto a Phoebe.

Tem um trecho que o Holden diz que” Bom mesmo é o livro que quando a gente acaba de ler e fica querendo ser um grande amigo do autor, para se poder telefonar para ele toda vez que der vontade. Mas isso é raro de acontecer” (pg. 23). Eu queria dizer que entendo o Holden, isso acontece muito comigo e que eu queria muito ter sido amiga do J. D. Salinger para ter sabido e entendido mais sobre o Apanhador no Campo de Centeio.

Por Larill

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