E vou começar pela resenha de Helena. Nada como uma obra machadiana para abrir essa nossa coluna de autores clássicos brasileiros. Na verdade, a minha intenção é misturar esse projeto de Clássicos brasileiros com o outro de Leia + Nacionais (que eu já comecei aqui no blog e tem resenha de Mar de Pedras 😉)
Mas, vamos falar de Helena. Quando terminei de ler esse livrinho, eu sabia que a ressaca literária seria grande e que precisava falar sobre ele aqui ou no instagram. Então, decidi resenhar Helena e falar de Machado.
Helena começa com
a morte do Conselheiro Vale, um senhor viúvo que morava com o filho Estácio e a
irmã D. Úrsula. No dia da leitura do testamento a família tem uma surpresa: o
velho conselheiro admite que foi adultero durante seu casamento e teve uma
filha fora do mesmo: Helena. Além disso, o Conselheiro destina metade da sua
herança a essa herdeira ilegítima (até então) e pede que a família acolha a
menina.
Pode-se imaginar
qual seria a reação da família, né!? Mas a menina vai morar com a família e,
aos poucos, conquista a todos até mesmo D. Úrsula que era a mais contrariada
com a chegada na nova herdeira. Assim começa a aproximação de Helena com a sua
nova família.
Helena é uma moça
bonita, elegante, sofisticada, boa pessoa e que conquista a todos que surgem
pelo seu caminho, mas guarda um segredo que poderia mudar sua vida e daqueles
que passam a acolhe-la no seio da família. De cara, ela se dá muito bem com
Estácio.
Estácio é um bom
rapaz, um bom filho que acata prontamente o pedido do pai. O rapaz é formado em
matemática e apaixonado por Eugênia, a filha do Dr. Camargo, médico da família
e amigos do falecido, mas o problema é que ele passa a desenvolver mais do que
apenas bons sentimentos por sua irmã. Dessa forma, o jovem passa a viver um
dilema e um conflito interno enorme.
O jovem sabe que
isso é errado, acredita que ele e Helena são irmãos, mas o sentimento é
reciproco e a moça se sente da mesma maneira. E esse é o grande dilema do livro
e que faz o leitor se prender na história e ficar instigado pela mesma. Da
mesma forma que instiga e muitos gostam, a história também pode não agradar a
todos devido ao principal tema que aborda e pela lentidão do começo da
narrativa.
Vale ressaltar que
esse livro foi escrito durante a fase romântica machadiana e, logo, se encontra
alguns traços do romantismo nesse livro. A escrita de Machado é um pouco
difícil nessa obra em questão, mas é uma leitura que realmente vale a pena.
Helena é uma obra grandiosa, possui uma descrição dos costumes da época muito
pontual e com uma análise psicológica fantástica dos personagens. Outro ponto
que merece destaque é a construção das personagens femininas que possuem um
papel de incrível relevância e apesar de ser curta - e se desenrolar em poucas
páginas – é uma narrativa que ganha os leitores.
Como já apontei
acima, confesso que no começo achei o livro bem lento e esse foi um dos meus
problemas com a história. Além disso, fiquei um pouco confusa com a escrita no
começo também, mas depois... Depois eu fui pega de jeito pela história, pelos
personagens e por toda a trama. Quando me dei conta eu estava sendo
surpreendida pela narrativa de Machado de Assis mais uma vez e questionando os
acontecimentos envolvendo Estácio e Helena.
E vocês nem
imaginam a minha surpresa quando descobri certos fatos, sabe. A minha única
reação foi "Por que eu sempre tenho que sofrer por causa desses
personagens?" E eu sofri (mais uma vez). Eu só sei que quando dei por mim
já tinha terminado o livro e pá RESSACA LITERÁRIA. Helena serviu para me fazer
relembrar meu amor por clássicos e, principalmente, pelas palavras. Machado
nunca desaponta, né.
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