6 de abr. de 2017

Vai ter literatura brasileira aqui também!




E vou começar pela resenha de Helena. Nada como uma obra machadiana para abrir essa nossa coluna de autores clássicos brasileiros. Na verdade, a minha intenção é misturar esse projeto de Clássicos brasileiros com o outro de Leia + Nacionais (que eu já comecei aqui no blog e tem resenha de Mar de Pedras 😉)

Mas, vamos falar de Helena. Quando terminei de ler esse livrinho, eu sabia que a ressaca literária seria grande e que precisava falar sobre ele aqui ou no instagram. Então, decidi resenhar Helena e falar de Machado.

Helena começa com a morte do Conselheiro Vale, um senhor viúvo que morava com o filho Estácio e a irmã D. Úrsula. No dia da leitura do testamento a família tem uma surpresa: o velho conselheiro admite que foi adultero durante seu casamento e teve uma filha fora do mesmo: Helena. Além disso, o Conselheiro destina metade da sua herança a essa herdeira ilegítima (até então) e pede que a família acolha a menina.
Pode-se imaginar qual seria a reação da família, né!? Mas a menina vai morar com a família e, aos poucos, conquista a todos até mesmo D. Úrsula que era a mais contrariada com a chegada na nova herdeira. Assim começa a aproximação de Helena com a sua nova família.

Helena é uma moça bonita, elegante, sofisticada, boa pessoa e que conquista a todos que surgem pelo seu caminho, mas guarda um segredo que poderia mudar sua vida e daqueles que passam a acolhe-la no seio da família. De cara, ela se dá muito bem com Estácio.

Estácio é um bom rapaz, um bom filho que acata prontamente o pedido do pai. O rapaz é formado em matemática e apaixonado por Eugênia, a filha do Dr. Camargo, médico da família e amigos do falecido, mas o problema é que ele passa a desenvolver mais do que apenas bons sentimentos por sua irmã. Dessa forma, o jovem passa a viver um dilema e um conflito interno enorme.

O jovem sabe que isso é errado, acredita que ele e Helena são irmãos, mas o sentimento é reciproco e a moça se sente da mesma maneira. E esse é o grande dilema do livro e que faz o leitor se prender na história e ficar instigado pela mesma. Da mesma forma que instiga e muitos gostam, a história também pode não agradar a todos devido ao principal tema que aborda e pela lentidão do começo da narrativa.
Vale ressaltar que esse livro foi escrito durante a fase romântica machadiana e, logo, se encontra alguns traços do romantismo nesse livro. A escrita de Machado é um pouco difícil nessa obra em questão, mas é uma leitura que realmente vale a pena. Helena é uma obra grandiosa, possui uma descrição dos costumes da época muito pontual e com uma análise psicológica fantástica dos personagens. Outro ponto que merece destaque é a construção das personagens femininas que possuem um papel de incrível relevância e apesar de ser curta - e se desenrolar em poucas páginas – é uma narrativa que ganha os leitores.

Como já apontei acima, confesso que no começo achei o livro bem lento e esse foi um dos meus problemas com a história. Além disso, fiquei um pouco confusa com a escrita no começo também, mas depois... Depois eu fui pega de jeito pela história, pelos personagens e por toda a trama. Quando me dei conta eu estava sendo surpreendida pela narrativa de Machado de Assis mais uma vez e questionando os acontecimentos envolvendo Estácio e Helena.

E vocês nem imaginam a minha surpresa quando descobri certos fatos, sabe. A minha única reação foi "Por que eu sempre tenho que sofrer por causa desses personagens?" E eu sofri (mais uma vez). Eu só sei que quando dei por mim já tinha terminado o livro e pá RESSACA LITERÁRIA. Helena serviu para me fazer relembrar meu amor por clássicos e, principalmente, pelas palavras. Machado nunca desaponta, né.

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